22 - Porto Alegre: gessingers, scliars, quintanas e veríssimos

ITENS OBRIGATÓRIOS:
- A música dos Engenheiros do Hawaii (especialmente o CD Simples de Coração);
- Toda a poesia do poeta passarinho, Mário Quintana;
- A literatura fabulosa de Moacyr Scliar (especialmente O Centauro No Jardim, Mês de Cães Danados e O Exército de Um Homem Só);
- As obras épicas de Érico Veríssimo (comece por Um Certo Capitão Rodrigo).

26/05/2010


O que faz as pessoas ficarem curiosas para conhecer certas cidades? As belezas naturais, a arquitetura, a história? Há vários motivos, certamente, motivos muito pessoais. Minha curiosidade por Porto Alegre é antiga, mas não sei precisar o momento exato em que houve esse despertar. Não sei ao certo se tomei contato com a literatura e a música do Rio Grande do Sul após o desejo de conhecer a capital gaúcha      estar definitivamente instalado em mim, ou se esse desejo se instalou justamente após eu conhecer melhor e me deslumbrar com a arte (música, literatura e cinema) daquele local.

Ouvi Engenheiros do Hawaii e também Nenhum de Nós durante grande parte da minha adolescência. Hoje ouço de vez em quanto, geralmente dentro do carro, quando estou na estrada. Mas o som dessas duas bandas, sobretudo o da primeira, está impregnado em minha memória musical e colaborou muito para que minha curiosidade sobre o Rio Grande do Sul e especialmente sobre Porto Alegre se rompesse. O sotaque e o timbre inconfundíveis de Humberto Gessinger; suas letras às vezes forçadas, às vezes obscuras, mas sempre recheadas de informações e carregadas de diálogos e relações com obras literárias ou musicais; a melodia forte; a mescla da guitarra/baixo/batera do rock’n roll com a gaita ou o acordeon da música regional gaúcha. Tudo isso soa muito Porto Alegre, uma cidade à parte dentro de um estado que mais parece um país. 

Mais tarde, já nem tão adolescente, instigado pelo meu amigo Breno, conheci a literatura de Moacyr Scliar. Nem todos os livros que li desse autor gaúcho têm a cidade de Porto Alegre como cenário, mas os que se passam ali fazem com que qualquer leitor se sinta obrigado a conhecer o lugar. Aliás,  o Rio Grande do Sul é especialista em produzir jóias raras. É interessante ir pra lá pra tentar entender o que esse pedaço do Brasil tem de tão especial para produzir figuras extraordinárias como Mário Quintana, Érico Veríssimo, Daniel Galera (paulista criado em Porto Alegre cuja obra conheci depois de ter feito a viagem) e tantos outros grandes artistas.

MÁRIO QUINTANA

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho
Eles passarão...
Eu passarinho!

Outros destaques da República Rio-grandense que devem ser mencionados: 

- os grandes jogadores/técnicos/árbitros de futebol;
- a maior rivalidade entre clubes no Brasil (Grêmio X Inter);
- as lindas modelos (inclusive as anônimas, do Gruta e do La Barca); 
- os grandes líderes políticos.  
- etc e tal.


Segue abaixo o trajeto a pé que fiz em 26/05/2010, das 10h00 às 18h00, pelas ruas de Porto Alegre, visitando vários dos principais pontos turísticos da cidade:                                                                              

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(clique sobre o mapa para vê-lo em tamanho maior)

Casa da Cultura Mário Quintana

“...O nosso caminho, Moinhos de Vento, Glória, Independência, a nossa Redenção...”

 (Trecho da letra de Por Acaso, canção de Humberto Gessinger, na qual ele cita nomes de bairros e parques de sua cidade natal, Porto Alegre.)



Parque da Redenção

Parque Moinhos de Vento


Grêmio 3 X 0 Avaí

À noite partimos de táxi para o jogo entre Grêmio e Avaí, cujos ingressos havíamos comprado no dia anterior. Só fomos eu e Marcel, pois Vlad se negou a pisar no estádio do maior rival de seu clube de coração. Eu estava com a camisa do Racing e meu brother com a camisa do SVX, o fantástico time amador formado por nós na época da natação do SESI de Araraquara. Scrath inesquecível aquele, éramos cruéis com os adversários. Manto sagrado o nosso: a camisa celeste em homenagem à seleção do Uruguay e consequentemente a toda América do Sul de língua española; o símbolo imitando o escudo do Grêmio, em homenagem à República Rio-Grandense.
Assistimos parte do jogo no meio da Geral, a barra brava gremista. A torcida do tricolor portoalegrense é realmente fantástica e diferenciada; o estádio Olímpico, realmente um caldeirão. A equipe da casa, que contou com a nossa torcida, ganhou o jogo facilmente  por 3 a 0, e pudemos ir tranquilos e felizes fazer a saideira na Cidade Baixa, um dos bairros mais boêmios de Porto Alegre.

                                                              No meio da Geral! 

O inesquecível SVX. A camisa celeste, o escudo em referência ao Grêmio.
Em pé: Ricardo, Diego, Nikiba e Rodrigo. 
Agachados: Fábio Barbo (o modesto craque e capitão do time), Carijó e Adriano
OBS: nesse dia, nosso goleirão Marcel não pôde comparecer.




Porto Alegre por Marcel Sigrist Somenzari, o Brother
(abaixo, na íntegra, o texto que meu mais que companheiro de viagem fez para falar de sua amada POA)

Minha POA querida


Muitas coisas passam pela minha mente ao recordar Porto Alegre e os momentos vividos naquele lugar. Lembro que tudo começou sem nenhuma pretensão, de forma ingenua e natural, como as melhores coisas que aparecem em nossas vidas, acho que justamente pelo fato de serem surpreendentes, inesperadas. E foi assim que, no início de 2003 conheci POA, em pleno Forum Social Mundial. Um par de dias naquele precioso lugar me fez entender que aquela cidade é especial, não só pela beleza natural, mas principalmente pela população que a habita. Pessoas hospitaleiras, acolhedoras, que tratam desconhecidos como amigos de longa data. E o que dizer da mulher de Porto Alegre? Bah; me desculpem pela pausa, mas um suspiro neste momento é mais do que natural; fiquei eternamente encantado pelas gurias. Não sei se foi o charme, a beleza, a sensualidade, a elegância, a simpatia, a inteligência. Talvez um feitiço que tenha deixado de vez meu coração no sul do Brasil. Nesse momento eu gostaria de ser um poeta como Pablo Neruda para poder expressar o que sinto e poder escrever uma ode a todas elas. Deixa pra lá, afinal sou um pobre plebeu. Fiquei pouco mais de uma semana, não pude aproveitar muito, poucas baladas, poucas amizades, muitos compromissos com o FSM, mas uma paixão enorme pelo lugar. E com esse sentimento no coração, prometi algum dia voltar ao paraíso.

Demorou um bocado de anos, mas retornei a terra natal de minha alma, e voltei com estilo, da melhor forma possível, em 2010 nesta que foi até o presente momento, a melhor viagem da minha vida, a Trip Born to be Wild. A melhor viagem não só pela realização de um sonho desde criança, pela aventura a bordo de um carro desbravando o Cone Sul, pelos lugares e pelas pessoas conhecidas, mas também pelo companheiro de viagem. Fabião, esse Sr. que está escrevendo o blog, que diga-se de passagem se revelou um ótimo escritor, é também um grande brother, daqueles poucos que ficam pra sempre em nossas vidas, que muito se aprende com ele. Foi uma viagem espetacular em grande medida pela companhia e pela amizade preciosa de Fabio Barbo.
E dessa forma regressei a POA, na companhia do brother corinthiano Fabiones. Desta vez tinha alguém para compartilhar todas as emoções que sentia. E não era só uma companhia, mas sim duas, com o ingresso de outro brother, o colorado Vladimir. E não foram poucas emoções, muitas baladas, muitas amizades, muitas gurias, muitos lugares conhecidos, para apenas 4 dias. Um parênteses para um momento especial. Que me desculpe a união sinistra entre as torcidas irmãs de São Paulo e Internacional de Porto Alegre, eu sempre respeitarei o clube Internacional e sua torcida, mas a nossa ida a um jogo do Grêmio de Football Portoalegrense mexeu para sempre com o meu lado torcedor. Pude presenciar tudo o que sempre quis que a torcida do meu time fizesse em uma partida de futebol, apoiar o time os 90 minutos, cantando como um autêntico barra brava sulamericano. Depois desse dia, além de torcedor do tricolor paulista, me tornei também um torcedor do tricolor de porto alegre, e sempre estarei com a torcida alma castellana, para o que der e vier, claro, a não ser quando joguem contra o meu querido e glorioso São Paulo Futebol Clube.
Regressei mais três vezes para POA desde então, muitas outras maravilhosas experiências, mas acho que são causos que devem ser contados em um outro espaço, quem sabe em um outro blog. Conheci outras cidades do Rio Grande do Sul, como Canoas e Santo Angelo, também na trip Born, e o litoral de Atlântida, na virada deste ano. Todos eles lugares fabulosos. Por fim, sempre quando me despeço de POA, não falo tchau, não digo adeus, mas sim, até breve, até logo, porque sei que vou voltar. Acho que encontrei o meu lugar no mundo, as vezes penso que meu destino esta lá. A ver.
Capaz, já ia me esquecendo do mais importante Tche, parafraseando o slogan deles, a melhor é de la...Ah, cerveja Polar, só quem já bebeu sabe como tu es riquíssima! 
Recomendo a todos(as) que visitem e conheçam este maravilhoso estado brasileiro, e claro sua jóia preciosa chamada carinhosamente de POA.


Marcel Sigrist Somenzari

Um comentário:

  1. SVX uma equipe com retrospecto super positivo, formado por amigos e que acabou de uma hora para outra. Acredito ver a azul celeste brilhar em quadra novamente, claro que como artilheiro do SVX :) vou querer participar...

    Um abraço,

    Rodrigo Cardoso.

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