23 – Florianópolis, eu já fui prefeito de lá!

CURIOSIDADE: Quando estudava na terceira série, no SESI de Araraquara, a tia Zulmira, minha professora, fez com que cada aluno escolhesse uma cidade para, no "faz-de-conta", ser prefeito. Eu, que sentava na quarta carteira da primeira fileira, escolhi Florianópolis. Arranjei o mapa da cidade e fiz vários projetos de melhoria. Até que me destaquei e acho que eu seria um bom político se mantivesse a gana que demonstrei naquele longínquo ano de 1991. Mas infelizmente, quando adulto, deixei de me emocionar. E pra fazer política de verdade é preciso paixão.

27/05/2010

     Certamente seria melhor conhecer a bela Florianópolis em uma época de calor. O próprio Ênio (amigo de colégio do Marcel, que nos recebeu e nos deu pouso em sua casa) disse isso. Disse várias vezes: “vocês têm que vir no verão, em maio a cidade tá às moscas”. Mas nossa passagem pela Floripa vazia e gelada foi ótima. Melhor assim, mais fácil pra se locomover, pra ir de praia em praia, pra conhecer os lugares. A massa humana que toma conta das cidades litorâneas no verão ofusca as paisagens, polui a visão (e a natureza, literalmente), gera conflitos e estresse.


* * *

     A viagem de Porto Alegre até Floripa foi longa, sob chuva, com trecho de estrada interditada. Foi foda. Pra variar, saímos depois do horário programado, pois o romântico Marcel quis levar flores à Carol, menina de Canoas (região metropolitana de PoA) que conhecemos no Café Tortoni em Buenos Aires, reencontramos num pub da Padre Chagas e depois num bar da Cidade Baixa em Porto Alegre...Enfim, acabamos saindo da capital gaúcha depois do almoço. Isso não foi tão mal, porque eu e Vlad pudemos dar mais umas voltas pelo centro velho da cidade. E dá-lhe frio, garoa, queda de resistência, gripe....
     Chegamos em Floripa quase nove horas da noite. Vlad, que seguiu nosso rastro de ônibus, chegou logo depois, perto da 23h00. Descarregamos as malas no belo apartamento do Ênio, tomamos um banho e fomos comer e beber num barzinho bem legal que fica ali pertinho. Passava algum jogo na TV fechada, mas como tivemos que sentar na parte de fora do bar, não pude ver direito quem jogava contra quem. O cansaço era tanto que depois de alguns copos de chopp da Brahma o sono veio avassalador e disfarçou a fome, que era grande.
     Quando a comida chegou, Marcel tirou seu aparelho móvel, embrulhou em um guardanapo, colocou-o num canto da mesa e partiu firme e agressivo pra cima da porção. Ênio e eu fomos na mesma toada do brother de modo que em poucos minutos o prato estava vazio. Pedimos outro e nesse meio tempo Vlad chegou de táxi, vindo da rodoviária.
     Conversa vai, conversa vem, chega copo cheio, sai copo vazio...Assim que pedimos a conta, o garçom tirou os pratos e limpou da mesa os guardanapos sujos, as sobras de batata frita, os copos, os talheres. O aparelho do Marcel acabou indo junto com essa tralha toda pro lixo. Quando ele percebeu o fato, foi aquela “nóia total”. E chama o garçom, e conversa, e explica. O cara se comoveu e decidiu procurar o objeto perdido nos lixos. E o danado acabou encontrando. Ufa!!!

OBS: Ninguém comentou de pegar alguma balada pós bar. Se alguém comentasse eu seria o primeiro a não topar. Eu só queria mesmo era encostar em qualquer lugar e dormir.




28/05/2010

     Pela primeira vez durante toda a viagem dei mais trabalho pra acordar do que o Marcel. A gripe equestre finalmente me alcançara. Todos os sintomas estavam presentes em mim, inclusive o sonho com cavalos. E pior, a tosse veio acompanhada de escarro com sangue. Sei que dá nojo, mas é necessário falar sobre isso para alertar futuros moribundos sobre esse novo sintoma.

     Marcel definiu um roteiro, pois já conhecia Florianópolis de outros carnavais, e lá fomos os três a bordo da pick up. Fizemos um passeio longo em torno da Lagoa da Conceição, parando em uma ou outra entrada de mar pra conhecer. Tudo estava completamente vazio, pois garoava e fazia muito frio. Tomamos um par de tragos num bar à beira da Praia da Joaquina, onde Vlad pôs os pés na água salgada do mar pela primeira vez em sua vida. Logo depois, nessa mesma praia, encaramos um sendboard, espécie de surf na areia (ver fotos). A trip tava acabando, então nos divertimos que nem criança, sem nos preocuparmos com o amanhã.
     
Praia da Joaquina

 Marcel estilo surfista e eu também, com um cabelo semi black-power, estilo Nação Zumbi (nossa, que viagem total...)

Vocês preferem apreciar a paisagem ou o tombo duplo dos brodi?

   Sujos de areia e úmidos, mas sem vergonha alguma de nossa aparência rota, sentamos num restaurante à beira-mar e apreciamos a famosa sequência de camarão. Deus do céu, tinha camarão de tudo quanto é tipo para experimentarmos, dos mais saborosos aos de aparência mais nojenta possível. Comemos quase tudo o que veio e tomamos algumas garrafas de cerveja. Durante a viagem toda, ficamos no máximo dois ou três dias sem bebermos nada. Caraca, como não voltar barrigudo e dependente (alcoólatra) duma trip dessa?
     Tiramos umas fotografias, compramos alguns presentes numas barraquinhas de artesanato, descansamos quase nada e já partimos pra conhecer a famosa praia Jurerê Internacional. Chegando no “pico”, uma chuva forte desabou e tivemos que ficar escondidos por uns trinta minutos embaixo do toldo de um quiosque. Além de nós, só havia na praia alguns nadadores profissionais que iriam participar de uma competição no final de semana. Já estávamos um pouco molhados, sujos e muito gripados, então decidimos entrar de corpo inteiro naquela água gelada e salgada. Nunca passei tanto frio na minha vida. E pra tentar me aquecer um pouco, voltei pro apê do Ênio na caçamba da caminhonete, encolhido, agarrado a uma toalha velha que cheirava mofo, meio que sonhando acordado...com cavalos, claro. A gripe equestre realmente havia me vencido.


Nossa, essa foto não merece estar aqui... (O Vlad é o figura do meio - Praia de Jurerê Internacional)

Carga viva. E esses óculos escuros? Já era noite, vacilão!


***

     Finalizamos o dia pegando uma balada “federal”. Mas eu estava tão quebrado que confesso: tenho pouco pra contar sobre as ocorrências da madrugada. Reinava sobre mim certo clima de fim de expediente, tipo aquele time de futebol que faz o último jogo do campeonato só pra cumprir tabela, pois já conquistara o título na rodada anterior. Só me resta agradecer de coração ao Ênio pela maneira como nos recebeu e me colocar à disposição caso ele queira vir pras bandas de Araraquara e Ribeirão Preto, cidades onde o sol realmente brilha mais forte. Que calor de fim de mundo tá fazendo por aqui!



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