10 – São Miguel D’oeste - SC

Resumo - Maior cidade do extremo oeste catarinense. Fundada por desbravadores gaúchos descendentes de italianos e alemães. Possui cerca de 35 mil habitantes, muito simpáticos e na grande maioria torcedores do Grêmio e do Inter, conforme pudemos verificar “por amostragem”.  
Data: 04 e 05 de maio
Destaque - Libertadores: S. Paulo 0 X 0 Universitário  (3 X 1 nos pênaltis)


 
     
04/05/2010

Partimos logo cedo para Santa Catarina. Na rodovia, por se tratar de uma região fronteiriça, havia muitos guardas da polícia rodoviária paranaense e da polícia federal. O GPS indicava uma rota mais curta, pela qual cortaríamos o Parque Nacional do Iguaçu andando por uma estrada semi-pavimentada que liga as cidades de Medianeira e Capanema. Mas essa estrada não constava no nosso mapa de papel e resolvemos parar pra pedir informação.Um senhor simpático de sotaque paranaense bem carregado confirmou que a antiga estrada que cortava o parque estava interditada.
Seguimos então pela movimentada e fiscalizadíssima BR-277. Estávamos um pouco preocupados com a questão do notebook, não tínhamos nota fiscal do equipamento e podíamos ser enquadrados por algum guarda, afinal estávamos vindo da Tríplice Fronteira, região de forte contrabando. Depois de rodarmos uma boa quantidade de quilômetros, de fato fomos parados em um comando. Mantivemos a calma e o bom humor (o notebook estava dentro duma mochila que nem precisou ser aberta) e acabamos até fazendo amizade com o guarda que após verificar nossa documentação e  bagagem nos deixou usar o banheiro do posto policial. Ao partirmos, ele ainda acenou um “vão com Deus, guris”.
O tempo estava meio nublado, nada parecido com o outono araraquarense, de céu azulado. Chegamos em São Miguel D’oeste um pouco depois da hora do almoço e paramos em uma lanchonete para comer alguns pastéis. Ficaríamos pouco tempo na cidade, então, deixamos as coisas no hotel e já partimos para explorá-la.
Conhecemos e vimos coisas interessantes: algumas praças, uma igreja bonita, guris brincando inocentemente pelas ruas, jovens namorando em um pequeno bosque. São Miguel tem a vantagem de ser um município pequeno e ao mesmo tempo um pólo regional. Possui uma unidade do SESC (no estado de São Paulo isso seria impensável para uma cidade de 35 mil habitantes), uma ou duas universidades particulares, órgãos públicos e uma casa de cultura muito bacana, dentro da qual há um museu que conta toda a história da cidade. Nesse local conhecemos Célia (ou Celina?), uma dedicada funcionária da casa que nos apresentou, além do museu, as salas do piso superior onde são ministradas aulas de música, teatro e dança. Numa das salas, uma garotinha bem loirinha ensaiava algo ao piano sob o olhar de aprovação de sua sorridente professora. Fomos espectadores Vips desse ensaio. Bom pra nós e bom pra guria, que se sentiu importante.
Na biblioteca pública, fomos apresentados a uma pessoa muito especial, chamada Celi Fátima de Pauli. Portadora de algum tipo de deficiência que dificulta seus movimentos e sua fala, essa maravilhosa mulher é um exemplo de que em qualquer situação se pode ser útil e feliz. Ela, além de trabalhar na biblioteca, se dedica à arte e já publicou alguns livros de poesia, além de muitas pinturas. Fica aqui nosso agradecimento de poder tê-la conhecido e visto de perto seu exemplo. Não sei se foi pra tanto, mas no dia fiquei bastante comovido e emocionado pela maneira com que aquelas pessoas simples, porém, orgulhosas de sua história, nos receberam. Tenho certeza de que eles também devem ter gostado do interesse que demonstramos pelo seu lugar, pelo seu passado e pela sua cultura. 


À noite fomos a uma pizzaria jantar e assistir ao jogo do São Paulo. Estávamos juntos na viagem e queríamos que os dois estivessem bem e felizes. Se ficássemos torcendo contra o time do outro corríamos o risco de não terminar a viagem, pois somos fanáticos e fatalmente brigaríamos feio. Então, decidimos firmar a mais improvável união de torcidas do futebol brasileiro: Corinthians e São Paulo, São Paulo e Corinthians. Se era impossível para um corintiano torcer pro Tricolor Paulista e vice-versa, resolvemos pelo menos nos respeitar, não torcer um contra o outro e até fingir um pouquinho que torcíamos a favor.
Nessa noite, a união deu sorte. O São Paulo bateu o Universitário do Peru nos pênaltis e passou pra outra fase da Libertadores. No fim das contas até eu gostei, porque meu amigo são-paulino ficou felicíssimo e resolveu pagar a conta sozinho. Maiores comentários sobre esse jogo e sobre nosso acordo, que ele chama de "união sinistra", deixo pro meu camarada Marcel!


Estrada para São Miguel D'oeste. Outono nublado.
                                                  
Verso da artista Celi Fátima de Pauli pintado num banco de jardim.
                                     
São Paulo e Corinthians. União Sinistra?!?!
                                                            

2 comentários:

  1. fábio, que beleza! ja colocou vários posts.
    espero que se adapte ao blogger.
    eu, particularmente, prefiro.
    beijo

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  2. O Fabião, a união mais sinistra que já existiu no futebol, ahn?! Um são paulino e um corintiano unidos para a busca do sucesso de seus respectivos clubes com o objetivo maior de manter a trip born 100%. A união deu certo, e p/ mim deixou como consequencia muito respeito aos torcedores e ao clube que é o meu maior rival no futebol... Mas rivalidade é isso né brother, o que seria do São Paulo sem o Corinthians, e o que seria do Corinthians sem o São Paulo?? Um precisa do outro para existir e para que o futebol continue tendo graça e continue sendo a grande paixão nacional!!!
    Marcel | marcel_somenzari@hotmail.com | 02/11/2010 22:47

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