13 – Montanhas e desertos

08/05/2010


MEDIALUNAS – Pão de massa folhada, tipo um croissant, em formato de meia lua, típico da Argentina. Muito consumido por lá, especialmente no desayuno (café da manhã).

VILLA MERCEDES – Segunda cidade mais importante da província de San Luis. Seus habitantes, os mercedinos e mercedinas, omitem o Villa e a chamam de Mercedes. Possui cerca de 100 mil habitantes. O clima dali é quase árido, a temperatura chega facilmente aos 37 graus nos dias de verão e a -4 graus nas noites de inverno. Veja mais em http://www.villamercedes.gov.ar/

As famosas MEDIALUNAS.


            Depois de um rápido café da manhã, a base de medialunas, nos despedimos do Córdoba Hostel. Saímos da cidade no meio da manhã, rumo ao oeste da República Argentina, rumo a Mendoza. Tínhamos duas opções de caminho: pelo sudoeste, atravessando as montanhas das serras pampeanas (caminho mais curto, porém, mais demorado) ou contornando essas montanhas pelo sul, até Rio Quarto, e depois em direção ao poente, até Villa MercedesSan LuisLas CatitasSan Martín, etc. A primeira opção era mais rica em termos de beleza e paisagem, mas pensando em rapidez e segurança seria melhor evitar as montanhas da província cordobesa. Então, tocamos para o sul vislumbrando as fascinantes montanhas ao longe, à nossa direita. Torcicolo na certa.

Ao lado as serras e a nossa frente, após breve sobe e desce, os pampas, uma reta sem fim. A estrada até Río Cuarto (a Ruta 36) estava muito bem pavimentada e com pouco movimento. Logo à frente, pouco antes seguirmos para a Ruta 07 (ou Autopista 07, uma das principais estradas da Argentina, cruza o território de oeste a leste, desde Uspallata, no pé das cordilheiras, até Buenos Aires), adentramos a província de San Luis e começamos a perceber a mudança da paisagem que pouco a pouco passou a semi-árida.
Antes de nos perdermos e rodarmos a esmo uns 30 minutos dentro da empoeirada Ciudad de San Luis (capital da província, com mais ou menos 160 mil habitantes), passamos pela entrada da também empoeirada Villa Mercedes e, não sei por que, me deu vontade de parar por ali e conhecer aquele lugar cujo nome me encantou. Acabamos passando reto, mas meu interesse permaneceu.

 
 Semi-árido. Toda alma precisa, vez por outra, de um deserto.



EDesaguadero, na divisa das províncias de San Luis e Mendoza, fomos parados pela polícia rodoviária argentina. Após rápida revista, fomos liberados. Ali mesmo, no posto policial, um rapaz nos entregou um panfleto com a propaganda de um hotel 3 Estrelas em Mendoza (Hotel Garden Apartments) e nos garantiu que chegando lá, se falássemos que ele havia nos indicado, fariam um preço bom para nós.

O restinho da viagem até Mendoza foi uma delícia. A pista dupla quase vazia; o céu de um azul inexplicável; o sol se pondo, batendo em nosso rosto; a paisagem deslumbrante; o clima seco, semidesértico, com as pré-cordilheiras e cordilheiras ao fundo... Eu merecia aquilo tudo? Lembro de termos parado em um posto no finalzinho da tarde pra tomar uma água e darmos uma esticada nas pernas. O Marcel foi ao banheiro e eu fiquei só. Senti ali uma liberdade infinita. A pick up suja e solitária naquele lugar desolado, quase abandonado (não havia nenhum outro carro ali); alguns latidos de cachorro ao longe; o vento movendo a poeira do chão; as montanhas; o céu; o sol... Agradeci a Deus pela oportunidade de estar vivendo aquele momento que me remeteu a um tempo subconsciente, me trazendo emoções estranhas, mas já vividas em algum momento, talvez na infância, talvez em outra vida. Sei lá...
  
Chegamos em Mendoza ao cair da noite. O hostel que havíamos escolhido ficava, salvo engano, na Avenida Patrícias Mendocinas e pelo que constava na internet, parecia bem legal. Mas como estávamos com o “vale-desconto” do hotel 3 estrelas e necessitávamos de conforto após mais de 600 km rodados e de uma noite mal dormida na famigerada cama de casal do Córdoba Hostel, resolvemos conferir a promoção. No Garden Apartments não tinha mais vaga, então nos levaram para outro, da mesma rede. Não lembro o nome do hotel(Marce, Belén, Rocio, ayuden...como se llama el hotel donde yo y Marcel nos quedamos en Mendoza???), mas valeu a pena. A localização é muito boa e as acomodações também. Pra quem não tem frescura nem muito luxo, o lugar é excelente. Aliás, pra conhecer Mendoza, eu me sujeitaria a dormir em qualquer lugar.
O céu de San Luis e Mendoza. Eu não conhecia um azul tão azul. É chorar só de lembrar!!

Isso sim é "ir para o oeste". Mendoza, atrás dela o sol se põe de verdade!




(MENDOZA - PROVÍNCIA DE MENDOZA – ARGENTINA)


- O Departamento (equivale a município) de Mendoza possui cerca de 110 mil habitantes.
- A Grand Mendoza (quarta maior área urbana do país, atrás apenas de Buenos Aires, Córdoba e Rosário) é uma região metropolitana que possui cerca de 1 milhão de habitantes. Esse conglomerado urbano é formado pelos seis departamentos que seguem adiante, por ordem de maior população: Guaymallén (cidade de nossas amigas Rocio, Belén e família), com mais de 230 mil habitantes; Godoy Cruz; Las Heras; Mendoza (capital); Maipú; Luján de Cuyo.
- O clima da cidade de Mendoza é semidesértico, mas, paradoxalmente, a cidade é toda arborizada. Isso se deve a um sistema de canais (acequias) por onde é conduzida a água do degelo dos Andes. Esses canais percorrem quase todas as ruas, regando as árvores  que ficam nas calçadas, formando um oásis artificial.
- A média de precipitação pluviométrica em Mendoza é de 180 a 230 mm.ano. Pra se ter uma ideia da aridez mendocina, em Araraquara ou Ribeirão Preto a média pluviométrica beira os 1400 ou 1500 mm/ano. 
- Mendoza é um dos mais importantes pólos de produção de vinho e azeite da Argentina.
- Em 2005 a cidade foi considerada a “mais digital” da América Latina, devido a grande oferta de serviços de internet proporcionados aos mendocinos.
- O Club Deportivo Godoy Cruz Antonio Tomba, o famoso GODOY CRUZ, é a única equipe da província que disputa atualmente a primeira divisão do Campeonato Argentino. Normalmente manda suas partidas no Estádio Malvinas Argentinas, construído especialmente para a Copa do Mundo de 1978.

Distintivo do Godoy Cruz.


Guardamos a pick up no estacionamento e subimos com a parte das malas que iríamos utilizar. Esparramamos a bagagem no quarto do hotel e nos esparramamos cada um na sua respectiva cama também. Fiquei ali descansando alguns minutos, tomei um banho rápido e resolvi andar um pouco pela cidade e procurar algo para comer. Marcel resolveu dar mais um tempo no quarto antes de escolher algo especial para jantar. Combinamos de nos encontrar novamente ali às 21h30 para resolvermos o que fazer à noite.


Peguei um mapinha do centro de Mendoza no saguão do hotel e saí caminhando. A noite estava agradável, um pouquinho fria. Andei pelo calçadão da Avenida Sarmiento (a peatonal Sarmiento, como eles dizem) e parei pra comprar um par de pilhas recarregáveis numa loja de eletrônicos. Eu sabia que era noite de clássico, Racing Club versus River Plate, e como o rapaz que me atendeu ouvia algum jogo no rádio, perguntei se ele sabia o resultado. A informação que ele deu não foi nada agradável, em pleno Cilindro de Avellaneda Los Millonarios * venciam meu querido Racing por 3 a 0.  Puta que pariu, coisa mais difícil ganhar dessas Gallinas*.


Saí andando cabreiro, mas resolvi desencanar. Caminhei até o fim da peatonal, até chegar à enorme Plaza Independência. Lá estava montada uma grande feira ao ar livre, onde se vendia de tudo: doces, lanches, roupas, artesanato, um ou outro aparelho eletrônico, bijuteria, etc. Muita gente caminhava por lá. Alguns tomavam mate, outros tocavam violão...Passeei a esmo, sem pressa, sem pretensão. Numa barraquinha onde se vendia brincos, um senhor baixinho, de barba e cabelos longos, vestido rotamente falava quase aos gritos com outro vendedor. Dizia que no rádio estavam dizendo que depois dessa derrota o Racing talvez tivesse que jogar a Promoción**, mas que achava aquilo estranho porque o time azul e branco de Avellaneda tinha ganho as três partidas anteriores ao clássico contra o River.
Titubeei por alguns momentos, mas criei coragem e abordei o baixinho barbudo e cabeludo. Eu já sabia o resultado do jogo, mas pra puxar assunto perguntei pra ele quanto tinha sido. Ele respondeu. Perguntei se ele era racinguista, ele disse que não, que torcia por um time que provavelmente eu não conhecia: o Ferro Carril Oeste. Pensei, “aha, chegou minha vez”. Falei, “claro que conheço o grande Ferro, uniforme verde, time do bairro de Caballito, joga a segunda divisão do Campeonato Argentino”. A partir dali eu o Don Hector (nascido em Caballito, Buenos Aires, mas que vivia em Mendoza há muitos anos) nos tornamos amigos “de longa data”. Fiquei uns 40 minutos conversando com aquele personagem. O jeitão dele falar me lembrava o Maradona. Ele vibrava, cuspia, me tocava, fazia caretas. Dizia que infelizmente a Argentina não levaria a copa. Pra ele o Brasil era favorito.


Saí daquela conversa com a alma lavada, sabendo que não precisaria anotar o nome ou tirar foto com aquele sujeito pra me lembrar dele. Era um tipo inesquecível.  Pela primeira vez na viagem, talvez, eu havia ficado totalmente à vontade pra falar com um estrangeiro, sem medo de errar, sem medir muito as palavras. E falamos de futebol argentino, de futebol brasileiro, dos grandes confrontos do passado entre o Santos de Pelé e o glorioso Racing da década de 1960...Que maravilha!!

Comi um pastel na praça e voltei pro hotel a passos leves. Parei numa loja que vendia lembrancinhas de Mendoza e região. Comprei uma camiseta preta, com a bandeira da Argentina bordada. Roupa de balada, diria mais tarde o Marcel.
Quando cheguei ao hotel meu brother não estava. Ele chegou umas 22h00, meio alegrinho, dizendo que havia jantado em um restaurante italiano e tomado um bocado de vinho. Ele queria descansar um pouco antes de sair, mas como eu pretendia acordar cedo no dia seguinte pra andar um pouco mais pela cidade, resolvi sair aquela hora mesmo. Fechei a porta e levei a chave, juro que foi sem querer. O brother ficou preso no quarto. Teve que fazer maior correria pra sair dali, ligar pra portaria, etc.
Eu dei uma passada rápida em frente à balada que o rapaz da portaria havia nos indicado, mas desisti de entrar. Acabei me desencontrando do Marcel, porque quando cheguei de volta ao hotel ele não estava mais lá. Logo em seguida ele chegou dizendo que tinha ido até a mesma balada que eu e que tinha entrado lá. Como não me encontrou voltou pra ver se eu estava no hotel. Falou que eu o havia prendido no quarto, ficou puto comigo, com razão. Que mancada, mas juro que foi sem querer.

Marcel queria voltar pra balada, disse que estava muito bom lá. Eu resolvi ficar no hotel. Aquela situação me deixou um pouco culpado, um pouco chateado. Preferi dormir. Ganhei uma noite de sono ruim. E perdi a balada, que por sinal foi muito boa, como veremos...Essas horas prefiro acreditar em destino, acreditar que tudo ocorreu como realmente deveria ter ocorrido

OBSERVAÇÕES:

* Millonario e Gallina = apelidos do Club Atlético River Plate

** Promoción = partida jogada entre o 17º e o 18º colocados da primeira divisão contra o 3º e o 4º colocados da segunda divisão para decidir quem cai e quem sobe.

 
As árvores de Mendoza. Obra de Deus e do homem!




09/05/2010

PARQUE GENERAL SAN MARTÍN: Projetado por Carlos Thays em 1896, abrange uma área de aproximadamente 900 hectares. Possui um bosque com cerca de cinquenta mil árvores vindas de todas as partes do mundo, artificialmente irrigadas. Dentro do parque se destacam: o Museu de Ciências Naturais e Antropológicas “Cornélio Moyano”, o Lago “General Gerónimo Espejo”, a Universidade Nacional de Cuyo (é isso mesmo, o campus fica dentro do parque), o Zoológico de Mendoza, o Cerro de La Gloria (ponto mais elevado do parque), um anfiteatro e o Estádio Malvinas Argentinas.





A noite ruim passou, graças a Deus. Tudo passa... Vi quando o brother chegou de madrugada, quase de manhã, evitando fazer barulho pra não me acordar. Percebi que ele devia estar num estado de embriaguez médio ou avançado, pois, do jeito que chegou, deitou na cama e logo começou a roncar.


Pelas 8h00 da manhã levantei, tomei o chá e as medialunas do desayuno e parti pra desbravar a cidade a pé. Afastei-me um pouco do centro e logo vi uma igreja em frente a Plaza Sarmiento, na esquina das calles Lavalle e Moreno. Resolvi entrar. A missa dominical havia acabado de começar. Aproveitei pra rezar um pouco em português e curtir a experiência de escutar a missa em espanhol, sem entender muita coisa. Na hora de desejar a “Paz de Cristo” eu apenas apertei a mão das pessoas mais próximas e sorri. Não arrisquei falar nada.
A maior diferença que percebi entre aquela celebração e as missas brasileiras (fazia muito tempo que eu não frequentava uma igreja católica) foi que, ao final, o padre saiu pra fora da igreja pra se despedir de cada fiel, apertando a mão dos homens e beijando as mulheres no rosto. Achei aquilo interessante.
           
Saí dali determinado a caminhar até o Parque General San Martín, que não ficava muito perto, mas para um ex-carteiro (e ex-futuro maratonista) não há distância que não possa ser vencida a pé. No caminho, uma multidão de pessoas que participava de uma prova de pedestrianismo passou por mim. Bateu a maior vontade de correr junto. Andei uns 20 quarteirões antes de chegar à entrada do parque. Andei mais um bom tempo lá dentro. Passei por uma feirinha de artesanato onde parei pra olhar os produtos e conversar com uma simpática mulher de meia idade que dizia adorar o Brasil.
Logo cheguei a um lago onde pessoas praticavam canoísmo e ali parei pra descansar. O dia estava lindo, o céu azul, limpo e claro. Fiquei a beira do lago uns 30 minutos... Aproveitei até pra rever minha listinha de presentes que estava guardada na carteira. Bateu a maior saudade de algumas pessoas naquele momento. Pensei em meu pai e minha mãe...na vida difícil que tiveram...Eu sabia que só estava tendo condições de fazer aquela viagem (e tantas outras oportunidades que eles mesmos não tiveram) graças aos dois, graças a estrutura que me deram...

Resolvi voltar por outro caminho, passeando sem pressa pelas sombras das calçadas de Mendoza. Quando cheguei ao hotel, já passava do meio-dia. Marcel ainda dormia, mas logo despertou e me contou com uma alegria contagiante o que havia se passado na noite anterior.

Mapa do Parque General San Martín - uma das áreas verdes mais importantes da República Argentina.





A BALADA SOLO DO MARCEL

LOCAL: Um BOLICHE* de Mendoza, que fica na Calle San Juan, cujo nome não me lembro.
BEBIDAS: Cerveja ANDES; Fernet puro; Fernet com Coca-Cola. 
OBS: Segundo Marcel, o Fernet puro e/ou com Coca-Cola (que deveríamos ter conhecido em Córdoba, mas conhecemos em Mendoza) foi o que o deixou um "pouco" bêbado naquela noite.


Marcel disse que chegou meio tímido na balada. Ficou encostado no balcão do bar tomando umas cervejas e vendo o movimento enquanto aguardava a coragem chegar Bêbado. Assim que liberaram a pista de dança, pouco antes de mostrar o talento brasileiro, meu brother deu uma passada pra conhecer o banheiro do local. Quando saiu dali, um figurassa o abordou meio que apavoradamente perguntando as horas no pior espanhol (ou portunhol) possível. Meu amigo se ligou rapidamente que o cara era brasileiro. Aí foi aquela emoção, o nível de serotonina batendo no teto. Disse pro sujeito: “brother, sou brasileiro também, tamo junto na balada, agora vc tem um tradutor...”. Pronto, se tornaram amigos de infância. Aliás, é bom registrar, o Marcel tem grande facilidade de se tornar amigo das pessoas e, até segunda ordem, confia e ajuda todo mundo. Acho isso uma grande qualidade.
Pois bem, esse brasileiro, que não lembramos o nome, parece que era do Rio de Janeiro e estava em Mendoza a trabalho. Tinha que voltar ao Brasil no dia seguinte e por isso estava um pouco preocupado, controlando a bebedeira. Estava na balada sozinho também, “na raça”, e ficou empolgado em encontrar um compatriota. Marcel por sua vez ficou mais confiante pra tentar algum contato com as hermanas.
Andaram um pouco pelo local, falando em português, tentando despertar a curiosidade das pessoas. Logo encontraram duas chicas que se interessaram pelos brazucas. Foi um contato rápido, conversas, abraços, otras cositas...e outro rolê. Foi quando Marcel viu três meninas que lhe pareceram especiais. Aproximou-se, fez contato visual, verbal (Hola que tal?), enfim... O amigo carioca brasileiro recente teve que ir embora. Meu brother ficou só ele com as meninas na pista. Imagino que ele não tenha ficado dançando ali, pois quando está borracho ensaia um passo pra lá, um passo pra cá e não sai nada Rindo a toa. Mas pelo menos fez amizade.
O interesse mútuo de brasileiros (as) por argentinos (as) é fato, embora os mais fanáticos de ambos os lados neguem. Então, como nem o Marcel e nem as meninas eram fanáticos, a conversa foi fluindo até o limite que a embriaguez permitia. Um gaguejo daqui, uma palavra em espanhol faltando de lá, muita mímica pra ajudar... Quando percebeu que ia ficar “retardado” de tanto beber (segundo as próprias palavras dele Com vergonha) Marcel decidiu ir embora. Mas as meninas, especiais que eram, não deixaram, disseram que era peligroso ele sair daquele jeito, àquela hora, sozinho. E decidiram levá-lo. Deixaram-no no hotel, alegrão de álcool e felizão da vida.

BOLICHE* - Termo utilizado pelos argentinos, que corresponde à nossa BALADA.
CALLE = RUA
BORRACHO = BÊBADO




Vejam bem: meu amigo parece estar borracho nessa foto da balada? Eu nem vou me pronunciar sobre isso Bêbado Tonto Bobo!





Marcel, quando me contou os episódios da balada, no domingo a tarde, não lembrava o nome das três garotas, somente o de uma delas, Rocio. Disse que havia ficado combinado que elas passariam no hotel as 20h00 ou 21h00 daquele mesmo domingo para darmos uma volta. Tínhamos pago um City Tour que sairia da frente do hotel as 14h00, então resolvemos nos aprontar e acompanhar um pouquinho dos jogos do Campeonato Argentino pela TV. De sábado e domingo passa um jogo atrás do outro. A TV Pública comprou os direitos de transmissão.
O city atrasou mais de duas horas, mas valeu a pena conforme veremos. Enquanto esperávamos, conseguimos ver quase dois jogos inteiros: Tigre contra algum time que não me lembro; Estudiantes contra o Rosário Central. Estávamos loucos pra pegar algum jogo do Campeonato Argentino ao vivo em Buenos Aires, mas pela nossa conta, não conseguiríamos. Talvez conseguíssemos pegar algum da Libertadores.

O CITY TOUR DO OMAR

Eram quase cinco horas da tarde quando a moça da recepção nos ligou informando que a Van do City Tour estava nos esperando. Descemos rapidamente, já estávamos desistindo do passeio. Mas pra nossa surpresa seria um passeio VIP. Só eu, o Marcel e o guia turístico com sua família (esposa e um filho). Na verdade, acho que haviam se esquecido de nós no horário combinado e agora tinham dado um jeito de não nos deixar na mão.
O guia turístico chamava-se Omar. Um sujeito humilde, que ganhava a vida com esses passeios pra turistas aos finais de semana e transportando estudantes de segunda a sexta. Homem culto, conhecia cada detalhe da história e das construções de Mendoza. Foi a primeira pessoa a nos falar do sistema de irrigação artificial da cidade que tanto nos impressionou.
Saímos do hotel e passamos pela Plaza Independência, a principal de Mendoza; passamos também pelas outras quatro praças que foram construídas nos primórdios da cidade. Todas elas ficam à mesma distância da Plaza Independência: Plaza Itália, Plaza España, Plaza Chile e Plaza San Martín. Todas são muito bonitas, mas gostei mais de uma que era toda azulejada, se não me engano, é a Plaza España. Alguém me corrija, se eu estiver enganado.

Depois passamos rapidamente por alguns prédios oficiais (prefeitura, câmara, etc.) e seguimos rumo ao Parque General San Martín, o mesmo no qual eu tinha ido a pé pela manhã. Com a Van, porém, pude perceber o real tamanho daquele lugar. Andamos por todos os pontos do parque. Paramos pra uma rápida visita no Museu De Ciências Naturais e Antropológicas “Cornélio Moyano” e paramos no Cerro de La Glória, de onde tivemos um panorama geral da cidade. Passamos também, já fora do parque mas nas proximidades dele, por uma igreja gigantesca. Não me recordo o nome dela, nem achei nada na rápida pesquisa que fiz pela internet. Omar disse que é a maior da América Latina, mas não consegui confirmar essa informação. 
As fotos abaixo, mesmo tiradas por fotógrafos amadores ao extremo, mostram a beleza disso tudo.











 

 A primeira foto mostra o Monumento em Homenagem às tropas que ajudaram na libertação de Argentina e Chile, o Exército dos Andes. 
A segunda e terceira fotos mostram a visão panorâmica que se tem da cidade de Mendoza de cima do Cerro de la Glória.



NOSSAS AMIGAS DE MENDOZA


Chegamos ao hotel de volta do City Tour quase no horário marcado com as meninas, não me lembro se eram oito ou nove horas da noite. Para não nos desencontrarmos, Marcel subiu pra tomar banho e eu fiquei esperando-as ali em frente. Embora não as conhecesse ainda, pela descrição do carro em que viriam (o mini cochede Marcela) identifiquei facilmente quando chegaram. Estavam em quatro, e não em três, como na balada solo do Marcel. Elas também logo adivinharam que eu era o Fábio, o outro brasileiro de quem o brother tinha falado.
Todas foram muito simpáticas logo no primeiro contato. Apesar da insegurança que acompanha a todos nesses momentos, de um pouco de timidez e do mau espanhol, me senti muito a vontade pra conversar com elas enquanto Marcel não descia. Eram meninas humildes, simples, mas todas muito inteligentes, de boa conversa, buena onda, com ganas de conhecer-nos, de saber de nós, de nossa viagem, do Brasil. Eu, por outro lado, tinha um interesse monstruoso de conhecer mais sobre a Argentina, de falar sobre minhas paixões, sobre minha torcida na Copa, enfim...
Assim que Marcel acabou de tomar banho e desceu, resolvemos tomar uns tragos (de cerveja, só) e comer algo em um barzinho qualquer da peatonal Sarmiento que ficava ali ao lado. Cerveja Andes e papas fritas, muita conversa, muita simpatia de todas as partes. Foram momentos muito especiais os que passamos com aquelas garotas (ainda vamos falar mais sobre cada uma dessas grandes personagens de nossa trip) . Até cantei uma música do Racing Club em espanhol, de tão a vontade que fiquei.
Ficamos tão encantados com o tratamento recebido que  mudamos o roteiro da viagem. A princípio, partiríamos na manhã seguinte para o Chile, voltaríamos de lá na sexta-feira, chegando à noite em Mendoza, onde dormiríamos e partiríamos logo sábado de manhã pra General Villegas. Decidimos que na volta ficaríamos um dia mais em Mendoza e nos largaríamos pra General só no domimgo de manhã. As meninas prometeram preparar umasado para nós nesse sábado extra que decidimos dedicar a Mendoza, ou melhor, as meninas de Mendoza.
Perto da meio-noite nos despedimos das chicas, prometendo cumprir o combinado de voltarmos. Pegamos e-mail, telefone, etc e tal. Antes de subirmos ao hotel pra dormir, eu e Marcel comemos um pancho (perro-caliente = cachorro-quente) e passamos num outro bar que ficava ali ao lado do hotel pra tomar a saideira. Nunca vi bar tão underground como aquele. Tocava música argentina de periferia, algo como nosso hip-hop, guardadas as diferenças de sonoridade. A energia estava pesada. A parte boa foi uma lourassa (o que ela tava fazendo ali??) que se interessou em trocar umas boas ideias comigo. Esse foi um daqueles dias de sorte que não se explica, se agradece!

Na manhã seguinte passaríamos pela parte mais louca da estrada, atravessando as Cordilheiras do Andes.


Abaixo, a música que cantei de La Guardia Imperial, a barra brava do Racing Club

Yo soy de una banda loca muy conocida en el mundo entero
Te sigo a todas partes me chupa un huevo si estoy primero
Este año estamos relocos vamos a copar toda la Argentina
Con bombos, con estandartes, tomando vino y cocaina
Es tradición de mi pueblo no ser amargo, no ser botón
Al Rojo se lo dedico no a la violencia sos un cagón
Se viene Racing campeón, Racing campeón, Racing campeón
Se viene Racing campeón, Racing campeón, Racing campeón...


Rocio, Marce, Belén, eu, Marcel e Mari. Na balada solo do brother, a Mari não estava.


11 comentários:

  1. só consegui me concentrar no post depois que a imagem das medialunas desapareceu. rs mas tudo bem, a parte mais interesse veio depois, mesmo. que vontade de conhecer esses lugares, fábio!
    veridiana | 06/11/2010 16:45

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  2. Ah, lembrei o nome do hotel em que ficamos em Mendoza: Providencia Apartments. Fica na Rua San Juan quase esquina com a Garibaldi.
    Fábio Barbo | 12/11/2010 15:28

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  3. Fabio la verdad que no recuerdo como se llamaba el hotel pero prometo pasar x el lugar para averiguarlo!
    Maria Belen | 12/11/2010 19:10

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  4. fue muy gracioso cuando nos contaste la historia de la llave " marcel estaba puto conmigo"..sosotras empezamos a morir de risa!! puto en Argentina significa otra cosa! rsrsrsrss
    Maria Belen | 12/11/2010 19:12

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  5. Brother, vai una medialuna ai?rs Num lembro se tive essa ideia na trip, mas acho q um jeito de ganhar $$$ facil na argentina é abrir padaria ou um coffeshop só com medialunas recheadas, ahn?! imagina so os hermanos comendo medialuna com catupiry, com calabreza, com escarola, e por ai vai...rs
    Marcel | marcel_somenzari@hotmail.com | 22/11/2010 22:51

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  6. Brother, vai una medialuna ai?rs Num lembro se tive essa ideia na trip, mas acho q um jeito de ganhar $$$ facil na argentina é abrir padaria ou um coffeshop só com medialunas recheadas, ahn?! imagina so os hermanos comendo medialuna com catupiry, com calabreza, com escarola, e por ai vai...rs
    Marcel | marcel_somenzari@hotmail.com | 22/11/2010 22:51

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  7. fue muy gracioso cuando nos contaste la historia de la llave " marcel estaba puto conmigo"..sosotras empezamos a morir de risa!! puto en Argentina significa otra cosa! rsrsrsrss
    Maria Belen | 12/11/2010 19:12

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  8. Foi mal Fabiones, eu exagerei na dose aquele dia!!!
    Marcel | marcel_somenzari@hotmail.com | 22/11/2010 22:54

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  9. O loco tb desse blog é q eu fico sabendo em mais detalhes o que não consegui compartilhar contigo durante a trip pelas manhãs, ce sabe q era trash demais p/ mim acordar cedo...
    Marcel | marcel_somenzari@hotmail.com | 22/11/2010 22:59

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  10. jajajajaaaaaa!! creo que has sido bueno con esta foto porque hay peores..(yo con peluca creo hasta lo q me acuerdo!!)....MALDITO FERNET QUE AMAMOS!
    Maria Belen | mb_tudela@yahoo.com.ar | 18/11/2010 23:36

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  11. mis queridos, la culpa de quedarmos borrachos fue solamente del Fernet!!! rs
    Marcel | marcel_somenzari@hotmail.com | 22/11/2010 23:04

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